Nesta segunda-feira, durante reunião envolvendo governadores estaduais e o Ministério da Saúde, o clima esquentou. O governador de São Paulo, João Doria, questionou o ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, acerca de possíveis razões político-ideológicas para o governo federal não comprar a Coronavac.
O ministro não gostou e reagiu à declaração do mandatário paulista: “a vacina do Butantan não é do estado de São Paulo, é do Butantan.”
Em sua fala, João Doria pontuou que o Ministério da Saúde já se comprometeu a gastar bilhões de reais em outras vacinas, mas até o dado momento, nenhum centavo foi colocado na Coronavac.
“A vacina Coronavac não teve nenhum investimento feito pelo governo federal. Ela também ainda não foi aprovada. O que difere, ministro, a condição e sua gestão como ministro da Saúde de privilegiar duas vacinas em detrimento de outra vacina? É uma razão de ordem ideológica, política ou de falta de interesse em disponibilizar mais vacinas, sendo que, no total, temos 300 milhões de doses para sair a partir de fevereiro do próximo ano, sendo que vamos precisar de mais de 400 milhões de doses da vacina. Se é fato que o senhor tem as vacinas, porque não iniciar imediatamente a vacinação dos brasileiros?” — questionou Doria.
“O governo já pagou 830 milhões para o consórcio Covax sem a vacina. O seu ministério pagou à Astrazeneca 1,3 bilhão de reais sem a vacina. E a Coronavac, que é a vacina do Butantan que já temos aqui uma parcela considerável e o senhor, em reunião com 24 governadores, anunciou que compraria 46 milhões de doses e, infelizmente, o presidente da República o desautorizou, foi deselegante com o senhor, em menos de 24 horas e impediu que a sua palavra fosse mantida perante os governadores. O seu ministério vai comprar a vacina Coronavac sendo aprovada pela Anvisa sim ou não?” — completou o governador paulista.
Em resposta ao governante paulista, o ministro disse então que “a Coronavac não é do estado de São Paulo, é do instituto Butantan.” Ele ainda afirmou que, quando o instituto brasileiro tiver concluído o seu trabalho, o Ministério da Saúde avaliará a compra do imunizante.
“Já falei para todos os governadores: a vacina do Butantan não é do estado de São Paulo, é do Butantan. Não sei porque o senhor fala tanto como se fosse do estado. Ela é do Butantan. É a maior fabricante de vacina do nosso país. E é respeitado por isso. O Butantan, quando concluir o seu trabalho e tiver com a vacina registrada, nós avaliaremos a demanda e, se houver preço, vamos comprar. Os registros são de cartório e havia uma demanda, havendo preço, todas as condições serão de nossa compra.”
Fonte: O Antagonista