Nesta quarta-feira (24), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, subiu o tom com o Governo Bolsonaro e, sem fazer uma citação explícita, sugeriu que o Congresso pode abrir um processo de impeachment contra o presidente da República.
Apesar de não usar a palavra “impeachment”, o presidente da Câmara falou em “remédios políticos amargos” numa possível referência ao mecanismo usado para afastar o chefe do Poder do Executivo Federal.
“Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a serem praticados” — disse.
“Os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos. Alguns, fatais. Muitas vezes são aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável. Não é esta a intenção desta Presidência. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas” —prosseguiu.
“Então, faço um alerta amigo, leal e solidário: dentre todos os remédios políticos possíveis que está Casa pode aplicar num momento de enorme angústia do povo e de seus representantes, o de menor dano seria fazer um freio de arrumação até que todas as medidas necessárias e todas as posturas inadiáveis fossem imediatamente adotadas, até que qualquer outra pauta pudesse ser novamente colocada em tramitação” — explanou.
No mesmo discurso, o parlamentar também falou que o momento é de evitar medidas que possam conturbar o ambiente político, mas avisou que tudo “tem limite”.
“Não é hora de tensionamentos. E CPIs ou lockdowns parlamentares – medidas com níveis decrescentes de danos políticos – devem ser evitados. Mas isso não depende apenas desta Casa. Depende também – e sobretudo – daqueles que fora daqui precisam ter a sensibilidade de que o momento é grave, a solidariedade é grande, mas tudo tem limite, tudo! E o limite do parlamento brasileiro, a Casa do Povo, é quando o mínimo de sensatez em relação ao povo não está sendo obedecido” — afirmou o presidente da Câmara.
A declaração de Arthur Lira ocorreu após a reunião que participou com Bolsonaro e demais lideranças dos poderes constituintes da República para discutir a criação de um comitê unificado de enfrentamento à pandemia.