Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o procurador de Justiça Marcelo Rocha Monteiro desafiou o ministro Edson Fachin e seus colegas, do Supremo Tribunal Federal (STF), a subirem com a Polícia as favelas controladas pelo crime organizado.
Conhecido por não ter papas na língua, o doutor Rocha Monteiro colocou na conta do ministro do STF o desfecho da operação no Jacarezinho, região da capital fluminense, que terminou com um saldo de 28 mortos — incluindo o policial civil André Leonardo de Mello Frias, pai de família, que morreu após ser alvejado na cabeça por criminosos fortemente armados.
Em meados do ano passado, Edson Fachin concedeu uma liminar que restringe consideravelmente as operações policiais dentro das comunidades cariocas. Segundo o promotor, essa decisão do magistrado do STF fortaleceu o crime organizado, que passou a ter menos resistência para comercialização de drogas, tendo, consequentemente, mais dinheiro nas mãos para comprar armas pesadas e construir barricadas afim de impor seu domínio sobre amplas áreas do Estado do Rio de Janeiro.
“O comércio de drogas se torna mais fácil porque a Polícia é obrigada a diminuir as operações. Então, a venda aumenta, o lucro aumenta, o dinheiro arrecadado é maior. E esse dinheiro — em grande parte — é investido em fuzis, em granadas, na construção de barricadas em vias públicas para impedir o acesso da Polícia. Ontem (06), o policial foi morto, justamente, quando tentava destruir uma dessas barricadas” — disse o procurador acerca da decisão do ministro do STF, que, segundo ele, fortaleceu o crime organizado no Estado do Rio.
“Nós já temos bairros do Rio, em áreas que não ficam dentro de comunidades, ficam próximas, em que as barricadas estão sendo construídas em ruas normais, que não ficam dentro de comunidades; dão acesso, mas não ficam dentro. Tem condomínios, prédios e apartamentos nessas ruas. E os traficantes colocam cones, em zig zag, para “gentilmente” permitir que os moradores saiam desses condomínios para o trabalho e voltem para casa, mas passando ali no zig zag nos cones para que os traficantes que ficam ali, supervisionando o movimento, possam controlar [a via pública] — acrescentou.
De acordo com o doutor Rocha Monteiro, a situação da segurança pública do Rio foi agravada pela decisão do STF, a qual ele classificou como sendo absurda e inconstitucional.
“Nós temos essa situação agravada, piorada, desde essa absurda e inconstitucional decisão do Supremo em querer administrar a Segurança Pública do Rio de Janeiro. As consequências já estão aparecendo e virão ainda com mais força se esse quadro persistir, Nós teremos aí mais armamento; mais ‘casamatas’ construídas, como aquelas que a gente via nas nas cenas da Primeira e Segunda Guerra Mundial, locais onde os atiradores se abrigam para atirar na polícia. A Polícia foi recebida ontem (06) com uma violência brutal. ‘E aí você vê o ministro Fachin fazendo audiência pública para descobrir porque será que a letalidade do Rio de Janeiro é tão grande’. Por que será, né? Porque a Polícia é recebida desse jeito e tem que reagir” — afirmou o procurador.
“Eu acho que ele [Edson Fachin] faria melhor, em vez de fazer essas audiências públicas, ouvindo essas ONGs e especialistas fajutos, fizesse o seguinte: acompanhasse a Polícia numa operação dessas. Ele, e os colegas dele do Supremo, entre numa comunidade dessa com a Polícia e veja como é que a bandidagem reage. E aí eles vão entender o ‘porquê’ da Polícia atirar: ‘ou mata ou morre’. É isso que o policial tem que fazer nessa situação. Se ele não matar, ele vai morrer, porque o traficante tá atirando nele de fuzil. Muito melhor do que fazer audiência pública é sair do conforto do gabinete de lá de Brasília e acompanhar a Polícia em uma das 1.413 comunidades dominadas pelo tráfico ou por milícias. Vai lá, acompanha a Polícia e veja como os agentes são recebidos” — disse o procurador.
Confira a reveladora entrevista do doutor Rocha Monteiro: