Nesta quarta-feira (24), o general Eduardo Pazuello fez um discurso de despedida para os servidores que integram o Ministério da Saúde. Ao lado do novo ministro da saúde, Marcelo Queiroga, o militar fez um desabafo. Ele relatou que sofreu pressões de políticos interessados num “pixulé”, mas que tentou levar para a pasta qualidades do meio militar, como “probidade e honestidade”.
“Quando você vem com atributos como esses, causa um olhar. As pessoas começam a te olhar diferente: ‘poxa, você não tem interesse?’ ‘Não’. ‘Não quer falar com a empresa tal?’ ‘Claro que não’. ‘Você não recebe empresa?’ ‘De jeito nenhum’. ‘Não vai aceitar o cara aqui fazendo lobby?’ ‘Não’. ‘Não vai favorecer o partido A, B ou C?’ ‘Claro que não’. ‘E o operador do fulano, beltrano?’ ‘Não’. Porra, vai dar merda. É assim que funciona” — disse Pazuello.
O general também relatou que pessoas de dentro do próprio Ministério da Saúde tentaram prejudicar sua gestão à frente da pasta.
“Esse grupo tentou empurrar uma pseudo-nota técnica que nos colocaria em extrema vulnerabilidade, querendo que aquele medicamento, a partir dali, estivesse com critérios técnicos do ministério, e ele (o medicamento) não tinha” — disse o ex-ministro.
E continuou:
“Eu reuni toda minha equipe no dia 23 de fevereiro: fiz um quadrinho e mostrei todas as ações orquestradas contra o ministério. Eram 8! Falei que não tinha como nós chegarmos até o dia 20 de março. Marcelo foi consultado já no início de fevereiro(…) Ali começou a crise com a “liderança política que nós temos hoje […]”. Aí chegou no final do ano, uma carreata de gente pedindo dinheiro politicamente […]. Foi outra porrada, porque todos queriam o pixulé no final do ano.
O ministério é o foco, o aval das pressões políticas. Por quê? Por causa do dinheiro que é destinado aqui de forma discricionária […]. A operação de grana com fins políticos acontece aqui. Acabamos com 100%? Claro que não: 100% nem Jesus Cristo. Nós acabamos com muito”.
Veja o vídeo: